Episódio 15 - Blasé e palmadas
Cena 1 (com Sérgio e Giovana)
Em uma de suas frequentes conversas ociosas sobre assuntos ociosos, Sérgio e Giovana resolveram comentar algo sobre o tema da redação da última semana: o projeto de lei que proibia os pais de baterem nos filhos como forma de educá-los.
- E então, Gio, o que você acha sobre educar seus filhos se utilizando de palmadas?
- Pô, acho que é válido, mas sem exageros. Não considero que se educa uma criança pela coerção.
- Seriam elas, então, uma espécie de último recurso para você?
- Sim. Porque é óbvio que o diálogo não resolve tudo. E você, qual o seu posicionamento?
- Serei sincero: eu bateria. Sei disso porque eu mesmo já fui um moleque espevitado, que achava-se no direito de fazer tudo que desse à telha.
- Palmadas para você, seriam então, para impor limites?
- É. A dor física é como uma constatação, a pessoa sente que perdeu a imunidade, ou seja, que chegou ao ponto de ser tão irracional, que é preciso se utilizar da brutalidade para "avisá-la" disso.
- Seria a tal da consciência da própria limitação... hum. Mas eu discordo. Acho que há um pouco de amor nas palmadas. A mãe o faz, mas buscando o melhor para seu filho.
- Entendo, mas é assim mesmo, geralmente, os homens vão pelo lado da disciplina, e as mulheres, da emoção.
- Exatamente. Mas em uma coisa temos que concordar.
- Em quê, Giovana?
- O Estado, em hipótese alguma, deve interferir nesse assunto.
- Sem dúvidas. Isso é uma invasão à privacidade de nós, indivíduos, como se não pudéssemos sequer educar nossos filhos como quiséssemos.
- Pois é. O Brasil, entretanto, é o campeão mundial de falso moralismo. Pessoas hipócritas querem dar uma de politicamente corretas, ao ponto de envolver a lei nisso.
- Perfeitamente. Falar é fácil, Sérgio.
Cena 2 (com Edgar, Júlio, Bianca e Carla)
No mesmo dia, e no mesmo lugar - no barzinho da Shadowplay, no intervalo entre dois shows.
- Caras, nossa vida é muito blasé.
- O que você quer dizer com isso, Bianca?
- Ah, sei lá, ficamos falando o dia inteiro, mas nunca fazemos porra nenhuma.
- Mentira. Duas vezes por mês, nós vamos pra cá, na Shadowplay.
- Mas isso já virou rotina - disse Júlio - Nós já somos as 'lendas' do lugar.
- Hehe, pois é. E sempre no mesmo lugar, na primeira mesa do canto direito, e conversando sobre as mesmas coisas - percebeu Bianca.
- E com os mesmos hábitos - concordou Edgar. Eu sempre estou chapadão, a Bia ficou com uns quinze caras e resolve contar detalhadamente sobre como foram os 'casos', a Carla e o Júlio ficam discutindo política ou filosofia, e ele sempre bebe só Coca Cola.
- Hahaha, sóbrio como sempre... Ah, e o Sérgio, como é popular, conversa com umas vinte pessoas ao mesmo tempo, e a Giovana ajuda os bêbados cambaleantes...
- Putz, como nós somos previsíveis!
- Mas isso é até legal, daria um bom seriado ou filme.
- Que nada. Pra começar, somos tão patéticos que até a vida sexual é pouco ativa. Bem, excetuando-se o Ed e a Bia, libertinos por essência.
- Ah, mas o que importa é que nós somos relativamente felizes.
- Que discurso mais 'Amigos para sempre', Carla... argh.
- Deixa de ser mala, Júlio!
- Posso citar Beatles, posso? Ob-la-di, ob-la-da, life goes on, bra.
- La la la, how life goes on. Putz, que brega.
Em uma de suas frequentes conversas ociosas sobre assuntos ociosos, Sérgio e Giovana resolveram comentar algo sobre o tema da redação da última semana: o projeto de lei que proibia os pais de baterem nos filhos como forma de educá-los.
- E então, Gio, o que você acha sobre educar seus filhos se utilizando de palmadas?
- Pô, acho que é válido, mas sem exageros. Não considero que se educa uma criança pela coerção.
- Seriam elas, então, uma espécie de último recurso para você?
- Sim. Porque é óbvio que o diálogo não resolve tudo. E você, qual o seu posicionamento?
- Serei sincero: eu bateria. Sei disso porque eu mesmo já fui um moleque espevitado, que achava-se no direito de fazer tudo que desse à telha.
- Palmadas para você, seriam então, para impor limites?
- É. A dor física é como uma constatação, a pessoa sente que perdeu a imunidade, ou seja, que chegou ao ponto de ser tão irracional, que é preciso se utilizar da brutalidade para "avisá-la" disso.
- Seria a tal da consciência da própria limitação... hum. Mas eu discordo. Acho que há um pouco de amor nas palmadas. A mãe o faz, mas buscando o melhor para seu filho.
- Entendo, mas é assim mesmo, geralmente, os homens vão pelo lado da disciplina, e as mulheres, da emoção.
- Exatamente. Mas em uma coisa temos que concordar.
- Em quê, Giovana?
- O Estado, em hipótese alguma, deve interferir nesse assunto.
- Sem dúvidas. Isso é uma invasão à privacidade de nós, indivíduos, como se não pudéssemos sequer educar nossos filhos como quiséssemos.
- Pois é. O Brasil, entretanto, é o campeão mundial de falso moralismo. Pessoas hipócritas querem dar uma de politicamente corretas, ao ponto de envolver a lei nisso.
- Perfeitamente. Falar é fácil, Sérgio.
Cena 2 (com Edgar, Júlio, Bianca e Carla)
No mesmo dia, e no mesmo lugar - no barzinho da Shadowplay, no intervalo entre dois shows.
- Caras, nossa vida é muito blasé.
- O que você quer dizer com isso, Bianca?
- Ah, sei lá, ficamos falando o dia inteiro, mas nunca fazemos porra nenhuma.
- Mentira. Duas vezes por mês, nós vamos pra cá, na Shadowplay.
- Mas isso já virou rotina - disse Júlio - Nós já somos as 'lendas' do lugar.
- Hehe, pois é. E sempre no mesmo lugar, na primeira mesa do canto direito, e conversando sobre as mesmas coisas - percebeu Bianca.
- E com os mesmos hábitos - concordou Edgar. Eu sempre estou chapadão, a Bia ficou com uns quinze caras e resolve contar detalhadamente sobre como foram os 'casos', a Carla e o Júlio ficam discutindo política ou filosofia, e ele sempre bebe só Coca Cola.
- Hahaha, sóbrio como sempre... Ah, e o Sérgio, como é popular, conversa com umas vinte pessoas ao mesmo tempo, e a Giovana ajuda os bêbados cambaleantes...
- Putz, como nós somos previsíveis!
- Mas isso é até legal, daria um bom seriado ou filme.
- Que nada. Pra começar, somos tão patéticos que até a vida sexual é pouco ativa. Bem, excetuando-se o Ed e a Bia, libertinos por essência.
- Ah, mas o que importa é que nós somos relativamente felizes.
- Que discurso mais 'Amigos para sempre', Carla... argh.
- Deixa de ser mala, Júlio!
- Posso citar Beatles, posso? Ob-la-di, ob-la-da, life goes on, bra.
- La la la, how life goes on. Putz, que brega.